Albúm: Clancy
Artista: Twenty one pilots

Hoje é dia: Album review de Clancy do Twenty One Pilots! (Pt. I)

Eu me preparei tanto, me esquivei de spoilers e prévias de músicas pois eu precisava que esse fosse o primeiro post do site. E precisava da experiencia de ouvir esse álbum sem interrupções desse duo que significa tanto pra mim. Bem, álbum e vídeos prontos na ordem original, fones colocados, bebida no copo. Está na hora de conhecer mais a fundo o fugitivo de Dema, Clancy.

Logo no verso que abre o álbum somos avisados que estamos de volta a Trench, a luta na trincheira continua para se libertar das correntes que a nossa mente tem.

“Algumas portas têm “fique fora daqui”/ pintado em tinta spray em branco”

Esse verso está na faixa “Routines in the night”, uma das mais carismáticas do album que é extremamente sensível e pessoal, e apesar do aviso, Tyler Joseph parece mergulhar de cabeça em todos os cantos da sua mente.

“Clancy” encerra a narrativa começada em Blurryface, quando as sombras da mente do compositor foi personificada em um personagem que leva o mesmo nome do albúm, em Trench nós vimos esse universo ganhar vida, em “Scaled and Icy”, vimos que DEMA ainda estava presente e apesar de pensarmos que Clancy havia escapado por completo, “No chances” nos prova o contrário. Isso sem nenhuma explicação oficial apresentada pelo duo. Agora com Clancy, tivemos um vídeo explicando toda a narrativa criada, engraçado pensar que, todavia, é o albúm que mais vemos Tyler. Sem muito de Blurryface, nem de Clancy.

Vemos apenas Joseph e as mazelas que circulam em sua mente. É como se ele tivesse aceitado que ele é Blurryface e Clancy ao mesmo tempo. Vemos outro lado de sua jornada para lidar com a depressão em Vignette, o pensamento sobre a sua vida em Next Semester, a dificuldade de se conectar com quem mais se ama em “Craving”, onde ele espera satisfazer as necessidades daqueles que amamos estando passando cronicamente por um momento difícil. Isso, pra quem já passou por algum problema psicológico sabe que é o maior dos desafios. A tristeza em estar sozinho e a tristeza amarga em perceber que foi você que se isolou em uma bolha emocional.

Não podemos deixar de falar de “Backslide”, que mostra o medo da recaída. Depois de lutar tanto para sair de um estado mental, o maior medo é cair novamente no mesmo poço, já que aquelza pequena nuvem melancólica ainda permeia.

As músicas com conexão mais explícita com a lore são “Overcompensate”, “Navigating” (uma das melhores composições do duo até agora, talvez haja um artigo apenas para a lore impecável), e “Paladin Strait”.

Misturando os gêneros como sempre, temos mais Tyler cantando rap e Josh Dun com compassos compostos na bateria (que agora ele está ocupando o 3º lugar do meu top 5 bateristas), tudo isso com a produção IMPECÁVEL do Paul Meany, que anda fazendo um barulho na cena, ano passado produziu o maravilhoso Jaws of Life do Pierce the Veil. A produção criativa de Meany, usando sons mutados, speed ups e batidas sintetizadas mais alegres é a cereja que faltava no bolo dos pilotos que já vem usando essa estética (melodia alegre e letra deprê) desde sempre.

Concluindo, Clancy é um albúm riquíssimo, feito para se ouvir e ler as letras, feito para libertação, feito para assumir seus erros e sentimentos, assumir o jeito no qual nossa mente funciona. Feito para assumir que todos nós somos Clancy e Blurryface para nós mesmos, e feito para assumir responsabilidade de ser quem somos.

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